sábado, 25 de fevereiro de 2017

PAZ

"No silêncio da noite a Tua paz reinava sobre todas as coisas, no silêncio do meu coração a Tua paz reina sempre; e quando estes dois silêncios se encontraram, a Tua paz era tão poderosa que perturbação alguma lhe poderia resistir. Então pensei em todos aqueles que velavam o barco para assegurar e proteger a nossa rota, e com gratidão desejei que a Tua paz nascesse e vivesse em seus corações; depois pensei em todos os que, confiantes e sem preocupações, dormiam o sono da inconsciência e, com solicitude pelas suas misérias, piedade pelos seus sofrimentos latentes que neles despertarão em simultâneo ao seu despertar, desejei que um pouco da Tua paz habitasse em seus corações e aí fizesse nascer a vida do espírito, a luz que dissipa a ignorância. Depois pensei em todos os habitantes deste vasto mar, visíveis e invisíveis, e desejei que a Tua paz se estendesse sobre eles. Depois pensei naqueles que haviamos deixado para trás, e cuja afeição nos acompanhava, e com grande ternura almejei-lhes a Tua paz consciente e duradoura, a plenitude da Tua paz, proporcional à sua capacidade de a receber. Depois pensei em todos aqueles que encontramos, agitados por preocupações infantis e que combatem por mesquinhas competições de interesses, na ignorância e no egoísmo; e com ardor, numa grande aspiração, pedi para todos eles a luz plena da Tua paz. Depois pensei em todos os que conhecemos, em todos os que ignoramos, em toda a vida que se elabora, em tudo o que mudou de forma, em tudo o que ainda não tem forma, e por tudo isso, assim como por tudo o que não consigo pensar, por tudo o que está presente na minha memória, e por tudo o que esqueço, num grande recolhimento e numa muda adoração, implorei pela Tua paz." Mirra Alfassa 10 de março de 1914

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